Minas quer levar robôs para a França

Minas Gerais vai realizar, na próxima semana, o primeiro campeonato de futebol de robôs fabricados no Brasil. O esporte que, já tem regras internacionais, terá seu mundial em julho, na França.

O professor Mário Fernando Montenegro Campos, do Laboratório de robótica e percepção ativa da UFMG(Universidade Federal de Minas Gerais), explica que o objetivo é enviar uma equipe mineira para o Mundial, que acontecerá ao mesmo tempo em que a Copa do Mundo.

Antes, os times Uai e Samba, construídos no laboratório, vão disputar além do campeonato mineiro, uma competição nacional, marcada para o final deste mês na Escola Politécnica da USP, em São Paulo, com mais cinco equipes de três outros Estados.

Apenas dois times vão participar do campeonato mineiro, marcado para a próxima sexta-feira na UFMG. Segundo Campos, este será o primeiro torneio disputado no Brasil.

Como coordenador dos dois times, o professor torce para ambos e afirma que não há favoritos, pois cada um tem vantagens.

“O goleiro do samba tem apresentado brilhantismo nas defesas, enquanto os jogadores do Uai têm mais arrancada”, diz.

Campos pretende observar os times nas duas competições que serão realizadas no Brasil para escalar os melhores componentes elétricos, mecânicos e de informática para formar a seleção mineira que deve ir à França.

Renato Mangini, 22, aluno do sexto período de Ciência da Computação da UFMG e integrante da equipe técnica do Samba, afirma que o futebol de robôs é um jogo empolgante porque, a partir do início da partida, eles jogam sozinhos, atacando e defendendo.

“É interessante ver o comportamento do programa do computador, porque não tem controle remoto nem nada disso. É o computador que reage”, afirma.

Por meio de uma camêra de vídeo, o computador vê a posição da bola e movimenta seus jogadores segundo uma estratégia definida anteriormente.

O computador pode ser programado para mudar a estratégia de acordo com o placar ou com a estratégia do adversário, mas isso tem de estar previsto antes do início do jogo.

Cada time tem três robôs e geralmente é escalado com dois na “linha” e um no gol. O goleiro se movimenta lateralmente tentando interromper a trajetória da bola, enquanto os atacantes têm de prever onde a bola estará para direcioná-la para o gol.

O jogo tem dois períodos com cinco minutos de duração. O intervalo de cinco minutos, serve para trocar as baterias e mudar a estratégia da equipe.

Tecnologia poderá salvar vidas

Para o professor Mário Campos, do Departamento de Ciência da Computação da UFMG, o objetivo de construir times de futebol de robôs não é ser campeão mundial, mas estimular o desenvolvimento da pesquisa na área de robótica.

Segundo ele, essa tecnologia pode ajudar a salvar vidas no futuro, permitindo, por exemplo, que robôs façam missões arriscadas em acidentes radioativos, evitando que seres humanos corram riscos.

A pesquisa é patrocinada pela Engetron, fabricante de componentes para computadores da região metropolitana de Belo Horizonte, cujo nome será colocado nos robôs da UFMG.

O projeto na UFMG começou em julho passado, mas o professor diz que há times internacionais mais bem preparados, porque já vêm sendo desenvolvidos há mais de dois anos. Ele diz não ter visto ainda jogos dos times brasileiros.

“Temos um longo caminho a percorrer, mas os times (mineiros) já têm apresentado um bom desempenho”, afirma .

Os jogadores do time do Samba foram construídos a partir de módulos prontos já usados em aeromodelismo, como o motor e as rodas. O Uai, por sua vez, foi inteiramente construído na UFMG.

“O objetivo inicial, de promover a integração dessas áreas e mostrar como elas podem colaborar entre si, já foi alcançado, despertando mais alunos para o envolvimento com estes e outros projetos”, afirma Campos.

Jornal: Folha de S. Paulo - Caderno Esportes
Autor: Carlos Henrique Santigo